quinta-feira, 5 de março de 2009

Herdeiros de nada

Somos herdeiros de um comportamento em que as tradições, rituais, ensinamentos, lições e sabedoria dos mais velhos viraram motivo de escárnio, ou quando valorizadas servem somente de objeto de estudo antropológico, como coisa de museu.
Vivemos embalsamados por um culto da novidade, das coisas materiais, do cientificismo e da superficialidade. Provocando-nos uma inversão de valores, imbecilizando nossas vidas. Deixando-as cada vez mais rasas.
A esperança é alimentada na próxima inovação tecnológica a ser lançada (que vai revolucionar nossa dia-a-dia), na cura através de uma nano-cirurgia, o método para emagrecer 10Kg em oito dias. Aliás, o marketing que os envolvem tem batido muito num tipo de slogan: viver assim, viver assado, viva mais, porque viver é patati -patata, a vida: não-sei-onde... Isso não denuncia a qualidade de nossas vidas? Das nossas emoções?
Não é o caso de exigir, de promulgar uma vida selvática, de renegar a tecnologia. Mas sim, de lembrarmos que para essas promessas de vida mais intensa ou mais satisfatória a sabedoria dos antigos poderia nos ajudar. Sabedoria provinda do amadurecimento das relações do homem consigo mesmo, do homem com o outro, do homem com a terra, do homem com o trabalho, do homem com as coisas divinas, do homem com Deus. Poderíamos hoje dialogar, aprender e ensinar com ela, e quem sabe enriquecê-la, transformá-la! Ao fazer tábula rasa daquilo que já foi, temos de começar tudo do zero.
Pergunta que fecha (de onde se origina): O que seria esse tudo?

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