segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Iniciação ao Tarô - Pedro Camargo


Quero apresentar um pequeno, mas muito bom livro. Escrito de forma clara e concisa. Sem querer defender o autor ou sua obra, quero mostrar o que me chamou a atenção e que acredito que deva ser mencionado. Com a evolução da leitura gosto de verificar onde o autor baseia suas idéias e quem sabe tirar algo de proveitoso. Na bibliografia há uma série de livros sobre Tarô que ainda não tinha ouvido falar:  Piotr Ouspensky;  Mouni Sadhu e Oswald Wirth.

De todos eles, e pelos comentários do Pedro, me chamou a atenção o  trabalho de Mouni Sadhu. Fiz uma pequena pesquisa e no próximo post falo um pouco mais sobre ele.

Destaco seus comentários sobre a adivinhação. Seguindo o mote de que: " A tendência da vida é dar certo", Camargo desenvolve sua visão sobre destino e a natureza das consultas às cartas (aliás esse mote me lembra essa música do Raul Seixas). De acordo com o autor, se a tendência da vida é dar certo, então saberemos que em um aparente fracasso estamos dando o primeiro passo para o sucesso. Assim, a consulta do Tarô será para, defronte do infortúnio, encontrarmos o melhor caminho a ser trilhado. Esta visão retoma um conceito importante de Nei Naiff ao comentar o caminho que o Enamorado inaugura: "A liberdade tem o seu preço - o livre arbítrio; e o livre-arbítrio tem o seu peso: a escolha do caminho correto". Isso é algo bem parecido como que os Kabalistas do século XXI têm se detido, ou seja, para eles o Criador, ou a Luz - como chamam Deus -, nos oferece situações-problema que são oportunidades para que descubramos uma forma melhor de lidar com nossas incapacidades e incompreensões e assim desenvolvermos nossas potencialidades.

As cartas do Tarô mostram tendências que estão ocorrendo em nossa vida e aquilo que pode ser uma boa saída, desta forma, cabe a nós tomarmos as medidas necessárias, ou não.

Camargo, lembra então do filósofo iluminista Voltaire, que este não acreditava em preces onde o homem pede a intervenção divina, ilustra essa idéia com a seguinte citação retirada da novela Zadig, ou O Destino: "Dirigimos súplicas a um homem quando julgamos que ele possa mudar de opinião. Quanto a Deus , cumpramos nosso dever para com ele. Sejamos justos. Esta é a única opção verdadeira."

Alertando às complexidades desnecessárias que muitos comentadores do Tarô fazem, Camargo afirma, que o Tarô é uma experiência pessoal e que faz parte do saber que só podemos ter acesso através da experiência, da meditação e da "profunda honestidade para conos co e com a vida".

E para terminar Camargo defende o uso do Tarô de Marselha, aqui estão alguns de seus argumentos:
"A maioria [dos baralhos em uso na atualidade] apresentam características demasiado presas à visão pessoal de seus autores, o que pode comprometer a síntese dos baralhos tradicionais, cuja simplicidade atende melhor à função do símbolo na linguagem associativa: sugerir, ser abrangente e não restritivo, promover a prática da analogia. Em outras palavras, favorecer o exercício do autoconhecimento." (pg. 35)
"... [o] Tarô de Marselha, cuja simplicidade dos desenhos, cores primárias e fundo branco cumprem necessariamente sua função de veículo de contato com o inconsciente." (pg. 40)
"... aparentemente "pobre", o Tarô de Marselha nos surpreende a cada momento pois seu poder de síntese e sutileza de seus elementos, cumprindo necessariamente a função do símbolo, que é sugerir, proporcionando associações que se processam em nível energético, inconsciente, e permitindo assim que cada indivíduo realize a sua própria viagem." (pg. 41)

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