quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Manual do Tarô - Hajo Banzhaf

Como já havia ficado impressionado com o didatismo de Hajo Banzhaf, aqui. Resolvi me aventurar neste Manual do Tarô.

Este livro do Banzhaf (também da Editora Pensamento) foi lançado antes do Livro do Tarô (onde o alemão irá aprofundar sua abordagem didática abrangendo todos os passos na realização de uma leitura). No Manual do Tarô, Hajo faz uma análise de cada uma das cartas tanto do Tarô de Waite quanto do Tarô de Marselha.

Para cada um dos Arcanos Menores ele traz relações e associações, entre outros, com uma letra do alfabeto hebraico; com a Numerologia; uma citação de Jung; uma citação literária; um comentário seu sobre a interpretação da carta, na Síntese; e uma história, que geralmente é um complemento da citação literária (com Rudyard Kipling, Alan Watts, Albert Camus, Herman Hesse, Sheldon Kopp, Oskar Adler, Robert Pirsig, José Ortega y Gasset, John Fowles. Isso é ótimo, pois acredito que o entendimento sobre o que cada carta representa alcançamos através de duas maneiras: ou pelas nossas experiências ou, se não há temos, pelos livros que vivemos.

Nestes exemplos de citações literárias alguns foram bem fáceis de achar, como Kipling, Pirsig e Hesse. Porém outros foram muito difíceis, isso deve-se ao trabalho do tradutor que não se dignou a procurar o nome dos livros como foram publicados no Brasil. A obra citada por Hajo de Albert Camus foi lançada no Brasil como Bodas em Tipasa, quem procurar como "O Casamento da Luz", como foi traduzido, não achará nada. Do psicoterapeuta Sheldon Kopp realmente não tem nada publicado em português, mas o nome do livro citado poderia ter sido traduzido como O Pendurado. Este livro foi publicado na Argentina pela Editorial Alfa Argentina, em 1976, com uma capa linda - sim, continuo julgando um livro pela capa... A obra de Oskar Adler ganhou no Brasil o título de Psicologia Astrológica, na Argentina: La Astrología como Ciencia Oculta. Já a de Ortega y Gasset recebeu, no Brasil, o título de O Homem e a Gente.


Voltando ao Manual. Quanto aos Arcanos Menores ele propõe uma aproximação interessante. Que realmente me ajudou na compreensão destas cartas, tanto no que elas representam dentro da série de números, por exemplo: 1 é o impulso, 2 é a polaridade, 3 é a estabilidade, 4 é a estabilidade rígida, 5 - é o medo, 6 - crise, 7 - harmonia, 8 - depressão, 9 e 10 - positivo para moedas, excessivo para espadas e bastões. Quanto na associação dos naipes aos  quatro elementos, em uma " Correlação interna das séries", Banzhaf cria textos seguindo a ordem de Ás até Dez e vice-versa, cada série seguirá o mote do elemento que a rege e da primeira carta. Por exemplo, se a série for de Bastões (fogo) começando por Ás até Dez, o mote será: "O caminho da vontade, do crescimento e da fama". Já se for do Dez de Bastões até o Ás será: "O caminho do jugo do dever para o livre desenvolvimento". 

Os quatro elementos de acordo com o alquimista  Isidorus Hispalensis.
A associação de elementos e naipes é a mesma usada por Nei Naiff, porém Banzhaf não diz em momento algum qual a origem desta associação, ele embasa essa associação com autores modernos como o astrólogo Stephen Arroyo e com o homeopata e analista junguiano Edward Whitmont.

Até chegar a isto ele repete ecos de Papus, Lévi e Waite ao fazer diversas associações mitológicas, hebraicas, zodiacais... que me fatigam. Algo que ele não fará em O Livro do Tarô.

Com este livro Banzhaf reforça o uso e a escolha que fiz pelo baralho de Waite, pois apesar de ele analisar o Tarô marselhês toda sua interpretação segue as figuras de Waite e Smith.


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