Como o estudo iconográfico que tenho empreendido tem me deixado cada vez mais desgostoso com o baralho de Rider-Waite, passei a procurar um novo baralho, que guarde a riqueza original, seguindo duas premissas:
- que não siga modismos e nem seja voltado à iniciação de seitas ou grupos esotéricos; e
- que tenha ligação com suas origens e, consequentemente, com as motivações culturais de quem moldou essas imagens (sobre isso já falei em duas oportunidades aqui e aqui).
As evidências que tenho colhido é a de que: quem gera novos baralhos está querendo impor uma maneira própria de encarar a vida, adicionando símbolos condizentes à sua doutrina (no caso de Waite, Wirth, Crowley) - ou ao seu bolso (no caso dos baralhos modernos).
Desta forma, o caminho mais coerente seria o de procurar os baralhos mais antigos e quem sabe o baralho original, mas isso não é tão fácil. Mesmo com todas as descobertas dos últimos 20 anos, não se sabe se houve um baralho original. Somado à isto, dos baralhos mais antigos poucos restaram completos. Estes eram baralhos realizados por encomendas de casas reais e para exclusivo uso da nobreza.
Em um primeiro momento, estas opções ficam excluídas, restando os baralhos do Tarô de Marselha. E aí há um grande número de opções. As remodelações e edições modernas como a de Fournier (à esquerda) e a da Aliados da Arte (à direita) ficam de fora. De acordo com este artigo da Bete Torii sobre o Tarô de Marselha, no Clube do Tarô, também serão excluídos:![]() |
| A Papisa por Kris Hadar |
- o baralho da Grimaud, editado por Paul Marteau, que não reproduz as cores utilizadas nas primeiras edições do século XVIII, por uma deficiência tecnológica da época a paleta de cores impressas foi diminuída;
- o baralho restaurado por Kris Hadar, que apesar de apresentar uma colorização suave e agradável aos olhos, fez adições inexplicáveis a algumas cartas.
Restando os baralhos de Jean Noblet e de Jean Dodal (os mais antigos Tarôs de Marselha) restaurados por Jean Claude Flornoy e o Tarô restaurado por Alejandro Jodorowsky e Philippe Camoin. Entre estas opções o mais atraente em termos de apelo iniciático e de traçado (mais limpo e suave, seguindo o modelo de Nicolas Conver) é o restaurado pela dupla, que na palavra dos mesmos: "é um trabalho onde a Verdade Tradicional foi restaurada."
Porém, as datas do baralhos de Jean Noblet (que antecede em mais de um século o baralho de Conver) e de Jean Dodal são convidativos para se adentrar no contexto cultural dos imagineiros, como diz Flornoy.


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