quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Em Busca do Baralho Perfeito II... (nas catedrais)

O tímpano do portal central da faixada oeste da Catedral Notre-Dame de Chartres.
É possível ver 'A Justiça', 'O Diabo', 'O Julgamento' e 'O Mundo'.
(fonte: Mary Ann Sullivan)
Nesta semana li "A Simbólica dos Arcanos" de Jean Claude Flornoy, traduzido por Constantino Riemma, aqui.

Texto interessante a quem procura as bases tangíveis do Tarô. A primeira parte do texto, localiza com precisão a origem das alegorias presentes nas cartas do Tarô ou a cultura onde essas culturas nasceram: no contexto dos construtores de catedrais na Europa Medieval e Cristã.

São dados e fontes históricos sobre a origem das cartas e sobre o contexto cultural em que surgiram, sem achismos, sem fórmulas arrogantes e sem conspirações.

Considero isso importante e até indispensável, pois se sabemos a origem ou pelo menos o contexto cultural, religioso, político e espiritual em que estas cartas foram concebidas, estaremos mais perto da intensão que movia os criadores dessas imagens. E somente assim, podemos trabalhar em como estas imagens agem em nós atualmente.

Que fique claro, não se está falando sobre a origem do Tarô.

Motivado por esta leitura abro novamente a procura pelo baralho perfeito. Continuarei utilizando o Rider-Waite enquanto não tenho uma resposta mais definida. Levo a crer que o baralho perfeito esteja ou entre os que foram comissionados pelas famílias nobres italianas ou entre os baralhos conhecidos como de Marselha.


sábado, 27 de novembro de 2010

A mais antiga citação ocultista sobre o Tarô

Ao realizar uma pesquisa sobre Papus e suas obras e algum comentário para ajudar na compreensão de seu livro achei o Manifesto para o Futuro do Tarô, de Nei Naiff no Clube do Tarô. É praticamente o mesmo texto que está nos primeiros capítulos do seu livro Curso Completo de Tarô, da BestBolso.

Não farei maiores comentários sobre o texto pois ele é bem curto e de fácil leitura. É recomendado para quem pesquisa o Tarô a partir das obras confusas e complicadas de Lévi, Papus e Waite.

O comentário que quero fazer e que me chamou muito a atenção é sobre o único e mais antigo ocultista que faz diretamente uma referência sobre o Tarô. Diz Naiff: "(...) encontrei somente um único ocultista sem grande expressão que fez uma referência aos quatro elementos em relação ao tarô — Guilleume de Postel (1510-1581)." Essa leitura com mais atenção responde a pergunta que eu havia feito aqui, sobre quais antigos textos tradicionais ele havia se baseado. Fiquei intrigado em ler seus livros, a trilogia sobre o Tarô, para ver se há mais detalhes sobre esse ocultista e como ele constrói essa referência aos quatro elementos.

Fiz uma breve pesquisa e caí nesse artigo da Wikipédia, em inglês. Não há nenhuma referência direta ao Tarô ou aos quatro elementos. O mais próximo que encontrei foi uma citação de Eliphas Levi de História da Magia, comentando sobre os dois aspectos da alma, a intelectual e a emocional, mas são só dois. Que lembra a relação dos quatro elementos com os naipes.

Fica mais essa pergunta: o que Postel postulou sobre o Tarô?

A história do Postel é digna de filme: conheceu e trabalhou com os fundadores da Companhia de Jesus, foi "embaixador" do rei Francisco I no império Turco-Otomano, traduziu diversos tratados astronômicos dos árabes, traduziu e editou o Bahir, o Sefer Yetzirah e o Zohar, foi cartógrafo... E depois de cair de boca nas graças de uma mulher que tinha visões proféticas, que o via como o grande unificador de todas as religiões (pelo menos das conhecidas), foi perseguido pela Inquisição. Por isso ficou preso num monastério até o fim da vida.



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Organizações e Agrupamentos das Cartas de Tarô

Sobre este assunto já havia comentado no post sobre a resenha do livro Curso Completo de Tarô.

Estas propostas de organização e agrupamentos de cartas servem para aprofundar um conhecimento mais íntimo das cartas através das relações com outras e das diferenças que guardam entre cada série.

"... eu gosto é de complicar... "
Oswald Wirth
Como Naiff, não comenta de onde ele se baseou, fui lendo uma coisa aqui outra ali e verifiquei que ele partiu das observações de Oswald Wirth. O brasileiro moderniza a teoria e as relações entre as cartas, mas o grosso é o mesmo.

Proposta de agrupamento de Naiff.

No seu livro O Tarô e o Autoconhecimento, também já resenhado aqui, Geringer apresenta a mesma sequência lógica de Wirth, mas sem mencioná-lo nenhuma vez. E só sei que ela baseou-se copiou de Wirth graças à tradução que Constantino Riemma oferece do livro Le Tarot des Imagiers du Moyen Age, no Clube do Tarô. 








Neste ponto Pedro Camargo (livro resenhado aqui) é mais honesto que Geringer, pois seu texto traz diversas referências e citações de Wirth (acredito que traduzidas por ele).

O que difere deste agrupamento de Wirth, usado por Camargo e Geringer, do proposto por Naiff é a ordem da segunda fileira, dos arcanos XII ao Louco. Em Wirth esta segunda fileira lê-se da direita para a esquerda, para seguir a forma do círculo; enquanto que em Naiff onde não há a questão de dispor as cartas em um círculo (TARO - ROTA - ORAT etc.) segue a ordem da esquerda para a direita, mas são os mesmos arcanos: do Pendurado ao Louco. 

Proposta de agrupamento de Wirth.

Na minha interpretação Naiff moderniza a proposta, deixa-a mais clara, qualquer pessoa consegue ler e fazer comparações com sua própria vida com suas experiências. Wirth está inserido naquela tradição dos ocultistas do século XIX começo do século XX, onde era imperioso encher as frases de floreios e referências a templos, sábios, livros conhecidos somente indiretamente.



segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Iniciação ao Tarô - Pedro Camargo


Quero apresentar um pequeno, mas muito bom livro. Escrito de forma clara e concisa. Sem querer defender o autor ou sua obra, quero mostrar o que me chamou a atenção e que acredito que deva ser mencionado. Com a evolução da leitura gosto de verificar onde o autor baseia suas idéias e quem sabe tirar algo de proveitoso. Na bibliografia há uma série de livros sobre Tarô que ainda não tinha ouvido falar:  Piotr Ouspensky;  Mouni Sadhu e Oswald Wirth.

De todos eles, e pelos comentários do Pedro, me chamou a atenção o  trabalho de Mouni Sadhu. Fiz uma pequena pesquisa e no próximo post falo um pouco mais sobre ele.

Destaco seus comentários sobre a adivinhação. Seguindo o mote de que: " A tendência da vida é dar certo", Camargo desenvolve sua visão sobre destino e a natureza das consultas às cartas (aliás esse mote me lembra essa música do Raul Seixas). De acordo com o autor, se a tendência da vida é dar certo, então saberemos que em um aparente fracasso estamos dando o primeiro passo para o sucesso. Assim, a consulta do Tarô será para, defronte do infortúnio, encontrarmos o melhor caminho a ser trilhado. Esta visão retoma um conceito importante de Nei Naiff ao comentar o caminho que o Enamorado inaugura: "A liberdade tem o seu preço - o livre arbítrio; e o livre-arbítrio tem o seu peso: a escolha do caminho correto". Isso é algo bem parecido como que os Kabalistas do século XXI têm se detido, ou seja, para eles o Criador, ou a Luz - como chamam Deus -, nos oferece situações-problema que são oportunidades para que descubramos uma forma melhor de lidar com nossas incapacidades e incompreensões e assim desenvolvermos nossas potencialidades.

As cartas do Tarô mostram tendências que estão ocorrendo em nossa vida e aquilo que pode ser uma boa saída, desta forma, cabe a nós tomarmos as medidas necessárias, ou não.

Camargo, lembra então do filósofo iluminista Voltaire, que este não acreditava em preces onde o homem pede a intervenção divina, ilustra essa idéia com a seguinte citação retirada da novela Zadig, ou O Destino: "Dirigimos súplicas a um homem quando julgamos que ele possa mudar de opinião. Quanto a Deus , cumpramos nosso dever para com ele. Sejamos justos. Esta é a única opção verdadeira."

Alertando às complexidades desnecessárias que muitos comentadores do Tarô fazem, Camargo afirma, que o Tarô é uma experiência pessoal e que faz parte do saber que só podemos ter acesso através da experiência, da meditação e da "profunda honestidade para conos co e com a vida".

E para terminar Camargo defende o uso do Tarô de Marselha, aqui estão alguns de seus argumentos:
"A maioria [dos baralhos em uso na atualidade] apresentam características demasiado presas à visão pessoal de seus autores, o que pode comprometer a síntese dos baralhos tradicionais, cuja simplicidade atende melhor à função do símbolo na linguagem associativa: sugerir, ser abrangente e não restritivo, promover a prática da analogia. Em outras palavras, favorecer o exercício do autoconhecimento." (pg. 35)
"... [o] Tarô de Marselha, cuja simplicidade dos desenhos, cores primárias e fundo branco cumprem necessariamente sua função de veículo de contato com o inconsciente." (pg. 40)
"... aparentemente "pobre", o Tarô de Marselha nos surpreende a cada momento pois seu poder de síntese e sutileza de seus elementos, cumprindo necessariamente a função do símbolo, que é sugerir, proporcionando associações que se processam em nível energético, inconsciente, e permitindo assim que cada indivíduo realize a sua própria viagem." (pg. 41)

sábado, 30 de outubro de 2010

Curso Completo de Tarô

No Curso Completo de Tarô de Nei Naiff publicado pela Editora BestBolso, é um título perfeito para o livro, a obra está organizada em lições, das mais simples às mais complexas, a cada duas ou três lições há um teste. Fantástico! Para quem estava lendo os trabalhos rebuscados de Waite (que gostava de falar, falar sem revelar muito) e Papus com suas fórmulas hebraicas e superstições. Esse livro vem como um alento sobre o fogo do desentendimento e da confusão. A escolha e organização dos temas, do mais simples ao mais complexo, também foi muito bem realizada, ajudando na compreensão e dando confiança ao iniciante.

A história do Tarô sem elucubrações e invencionices, as cartas do Tarô são somente papéis com desenhos... estas são algumas das aterrizagens que o autor proporciona para quem está viajando lá na estratosfera, como eu há bem pouco tempo! A leitura das suas três primeiras lições e das três primeiras aulas eletivas em conjunto do seu Manifesto para o Futuro do Tarô, é uma bomba para qualquer ilusão quanto ao Tarô e todas as loucuras que conseguiram inventar.

Porém, muito do que o autor propõe não há referências ou guias de onde veio a inspiração para esse tipo de organização. O primeiro exemplo é quando ele separa os 22 arcanos maiores em seis conjuntos distintos. Cada conjunto ele chama de caminho. Do Mago até o Papa temos o Caminho da Vontade; Caminho do Livre-Arbítrio com o Enamorado; do Carro até a Força temos o Caminho do Prazer; do Pendurado à Torre temos o Caminho da Dor; a Estrela representa o Caminho da Esperança; e o Caminho da Evolução é representado pelos últimos arcanos mais o Louco. É uma ótima categorização dos Arcanos Maiores, facilita o aprendizado e a memorização, pois ao invés de se memorizar 22 cartas ao mesmo tempo, tem-se uma série definida com um tema em comum. Porém, para mim, faltou uma explicação de onde vem essa estrutura? É a verdadeira estrutura? Se foi concebida pelo autor, onde e como ele a construiu?

O outro exemplo refere-se às manifestações, quatro para cada Arcano Maior e uma para cada naipe dos Arcanos Menores. Fica a pergunta: qual a base para essa diferenciação bibliográfica? Espiritual? Profissional? Intuitiva? Bem no final do livro ele diz que os "de acordo com antigos textos tradicionais dos quatro elementos", mas não diz que textos ou que autores são estes.

O baralho trabalha no livro foi desenhado por Thais Linhares especialmente para essa edição, mas segue o padrão do Tarô de Marselha.

Melhor frase dele: "Tarô é Tarô..." Simples, profunda e vale ouro!!!











sábado, 16 de outubro de 2010

El Colgado - Sheldon Kopp


Como percebi certo interesse dos leitores pelo livro mencionado no post anterior resolvi pesquisar um pouco mais sobre ele.

Começo falando da capa, que considero muito boa. Retrata ou lembra diversos dos Arcanos Maiores do Tarô de Marselha, apesar de no interior Kopp utilizar o Tarô de Waite-Smith. 

A apresentação do livro, resumidamente, diz isto: 

"Como assumir o demoníaco que existe em nós?

A herança que o guru contemporâneo tem recebido inclui as metáforas curativas  do mestre zen, do rabino chassídico, do eremita cristão do século IV, dos bruxos, dos "Homens de Medicina" e os magos. Tal afirmação nos previne sobre as características deste livro singular, que é como um jogo feito de contos hindus, alegorias, relatos chassídicos, modernas sessões de psicoterapia...

O autor recupera os mitos e os arquétipos de Jung, para que aceitamos viver com mais inteligência em nosso próprio claro-escuro: o lado da luz e da sombra, antecipado no duplo sentido das cartas do Tarô.

Este livro é uma caixa de pandora, de deliciosa leitura: ensina enquanto diverte, nos coloca frente a nós mesmos e nos diz: lê a ti mesmo."

Aqui um pequeno comentário traduzido e com certas adaptações, do psicoterapeuta argentino Arthuro Philip:

"El Colgado” que tem como subtítulo “La psiquiatría y las fuerzas de la oscuridad”, que possuo exemplar da editorial Alfa Argentina editado em novembro do ano 1976 (velhinho porém atual). Esse livro é destinado a profissionais da saúde mental, mas isso não impede sua compreensão pois está escrito com uma linguagem acessível (...).
É um excelente livro escrito por um colega psicoterapeuta enquanto lutava contra um câncer de cérebro, em corajosa empreitada para transmitir seus conhecimentos antes de morrer. Escreve sobre vários arquétipos humanos próximos a nós que C. G. Jung trata, um deles é o do Trickster, ou do Bobo."

Volta e meia aparecem exemplares surradinhos no MercadoLivre argentino e uruguaio... Mas é muito ruim fazer esse tipo de compra, pois o ML brasileiro não é integrado ao dos outros países da América Latina.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Manual do Tarô - Hajo Banzhaf

Como já havia ficado impressionado com o didatismo de Hajo Banzhaf, aqui. Resolvi me aventurar neste Manual do Tarô.

Este livro do Banzhaf (também da Editora Pensamento) foi lançado antes do Livro do Tarô (onde o alemão irá aprofundar sua abordagem didática abrangendo todos os passos na realização de uma leitura). No Manual do Tarô, Hajo faz uma análise de cada uma das cartas tanto do Tarô de Waite quanto do Tarô de Marselha.

Para cada um dos Arcanos Menores ele traz relações e associações, entre outros, com uma letra do alfabeto hebraico; com a Numerologia; uma citação de Jung; uma citação literária; um comentário seu sobre a interpretação da carta, na Síntese; e uma história, que geralmente é um complemento da citação literária (com Rudyard Kipling, Alan Watts, Albert Camus, Herman Hesse, Sheldon Kopp, Oskar Adler, Robert Pirsig, José Ortega y Gasset, John Fowles. Isso é ótimo, pois acredito que o entendimento sobre o que cada carta representa alcançamos através de duas maneiras: ou pelas nossas experiências ou, se não há temos, pelos livros que vivemos.

Nestes exemplos de citações literárias alguns foram bem fáceis de achar, como Kipling, Pirsig e Hesse. Porém outros foram muito difíceis, isso deve-se ao trabalho do tradutor que não se dignou a procurar o nome dos livros como foram publicados no Brasil. A obra citada por Hajo de Albert Camus foi lançada no Brasil como Bodas em Tipasa, quem procurar como "O Casamento da Luz", como foi traduzido, não achará nada. Do psicoterapeuta Sheldon Kopp realmente não tem nada publicado em português, mas o nome do livro citado poderia ter sido traduzido como O Pendurado. Este livro foi publicado na Argentina pela Editorial Alfa Argentina, em 1976, com uma capa linda - sim, continuo julgando um livro pela capa... A obra de Oskar Adler ganhou no Brasil o título de Psicologia Astrológica, na Argentina: La Astrología como Ciencia Oculta. Já a de Ortega y Gasset recebeu, no Brasil, o título de O Homem e a Gente.


Voltando ao Manual. Quanto aos Arcanos Menores ele propõe uma aproximação interessante. Que realmente me ajudou na compreensão destas cartas, tanto no que elas representam dentro da série de números, por exemplo: 1 é o impulso, 2 é a polaridade, 3 é a estabilidade, 4 é a estabilidade rígida, 5 - é o medo, 6 - crise, 7 - harmonia, 8 - depressão, 9 e 10 - positivo para moedas, excessivo para espadas e bastões. Quanto na associação dos naipes aos  quatro elementos, em uma " Correlação interna das séries", Banzhaf cria textos seguindo a ordem de Ás até Dez e vice-versa, cada série seguirá o mote do elemento que a rege e da primeira carta. Por exemplo, se a série for de Bastões (fogo) começando por Ás até Dez, o mote será: "O caminho da vontade, do crescimento e da fama". Já se for do Dez de Bastões até o Ás será: "O caminho do jugo do dever para o livre desenvolvimento". 

Os quatro elementos de acordo com o alquimista  Isidorus Hispalensis.
A associação de elementos e naipes é a mesma usada por Nei Naiff, porém Banzhaf não diz em momento algum qual a origem desta associação, ele embasa essa associação com autores modernos como o astrólogo Stephen Arroyo e com o homeopata e analista junguiano Edward Whitmont.

Até chegar a isto ele repete ecos de Papus, Lévi e Waite ao fazer diversas associações mitológicas, hebraicas, zodiacais... que me fatigam. Algo que ele não fará em O Livro do Tarô.

Com este livro Banzhaf reforça o uso e a escolha que fiz pelo baralho de Waite, pois apesar de ele analisar o Tarô marselhês toda sua interpretação segue as figuras de Waite e Smith.


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Tempo e os Oráculos

No post sobre a resenha do livro de Hajo Banzhaf comentei sobre as reflexões filosóficas que ele faz em relação ao tempo e aos sistemas de adivinhação. Trago algumas citações e meus comentários.


"Do ponto de vista espiritual, o tempo não é apenas uma quantidade, um período de tempo que transcorre a esmo. O tempo é uma qualidade que atribui a cada momento seu próprio significado. Esta é a concepção que norteia a maioria dos oráculos. Enquanto os ponteiros do relógio mostram apenas uma quantidade de horas, a posição dos astros no céu é uma manifestação do acaso que pode significar alguma coisa ( uma "qualidade") em determinado momento. De um ponto de vista mais abrangente, pergunta e resposta constituem uma unidade, pois o momento da pergunta também inclui a resposta. assim, uma pessoa capaz de entender a qualidade do instante consegue ler a resposta com base em certos símbolos. Esta é a essência do acaso: numa constelação causal, é possível identificar a qualidade do instante. O objetivo de muitos oráculos, cada um à sua maneira, é possibilitar a interpretação destes símbolos." [pg. 12]


Mas se o Tarô é preciso dentro de uma perspectiva acausal, então se eu deitar as cartas cinco vezes necessariamente deveria receber a mesma resposta cinco vezes, não? A resposta é obviamente não. Olha o argumento de Hajo: "provar alguma coisa pelo método de repetir um experimento várias vezes, a fim de obter o mesmo resultado é típico da mentalidade racionalista. Para garantir o sucesso desse método, cria-se um ambiente de laboratório que exclui todas as interferências do acaso, até onde for possível. Portanto, o acaso é visto como um obstáculo que precisa ser removido. Por outro lado, no mundo irracional dos oráculos o acaso é uma fonte valiosa de informações. A disposição de cartas no Tarô produz uma constelação única e casual, que reflete a qualidade especial daquele momento. O fato de que esta constelação não se repete sempre é totalmente natural, e não significa nada. Um paralelo fácil de entender é o mundo dos sonhos, pois um sonho pode significar muitas coisas sem que a pessoa tenha de sonhá-lo cinco vezes seguidas. Da mesma forma, quando se procura um conselho ou uma resposta no Tarô, só a primeira consulta é decisiva." [pg. 12] É o mesmo tipo de objeção pelo qual tenta-se provar a inexistência de Deus.
O método científico é ótimo para entender e explicar fenômenos quantificáveis, que mesmo que estes não consigam ser repetidos em um ambiente seguro, pelo menos encaixam-se em hipóteses e modelos explicativos lógicos.

E por mais que a psicologia evolutiva tente explicar e dar um caráter utilitário a paixão, ao amor e à amizade, ela só está explicando parte destas manifestações, pois jamais conseguirá compreender-lhes as sutilezas e as qualidades inerentes a estes fenômenos.

A reflexão de Banzhaf continua assim: "É possível confiar cegamente nas cartas? Elas nunca mentem? Naturalmente, como em todas as situações da vida, o Tarô nos dá acesso a uma verdade objetiva, absoluta e infalível. Mas nem por isso a resposta das cartas é aleatória ou sem sentido. A credibilidade das cartas do Tarô só pode ser comparada aos conselhos de uma pessoa velha e sábia. São conselhos valiosos, que devemos levar a sério e ouvir de coração aberto. Mas vender a alma por eles, tornar-se dependente, sujeitar-se cegamente ou abrir mão das próprias responsabilidades seria com certeza uma atitude errada."[pg. 12-13]

E para concluir: "Quando a resposta do tarô não é um conselho, mas uma previsão sombria, é preciso considerar que as cartas mostram uma tendência que deve se realizar com toda a probabilidade, caso você continue agindo da mesma maneira ou continue seguindo o caminho mencionado em sua pergunta. Essa tendência não é inevitável, pois as cartas podem mostrar alternativas melhores, ou mais promissoras." [pg. 19]

"[...] Fases difíceis da vida são às vezes inevitáveis, e certas experiências podem causar decepção, tristeza ou desgosto. O tarô também pode ser útil nesses momentos, ajudando-nos a entender os motivos de uma determinada experiência, a lição que ela nos ensina e a melhor maneira de lidar com ela." [pg. 19]

sábado, 2 de outubro de 2010

O Livro do Tarô - Hajo Banzhaf

Após um período estudando e quebrando a cabeça com as teorias e proposições vagas de Papus, Waite e Lévi, resolvo deixá-los um pouco de lado. Esse passo libertador só consigo fazer após a leitura dos textos de Nei Naiff. Ufa!

Então, estou me aprofundando tanto na abordagem do brasileiro quanto na do alemão Hajo Banzhaf. Hoje comento "O Livro do Tarô" deste último, lançado pela editora Pensamento. 

Para Banzhaf não importa a origem do tarô pois"transmite uma sabedoria de tempos antigos, enraizada no inconsciente coletivo!... por isso não importa se as cartas (...) surgiram há 500 ou 5000 anos. As imagens [reproduzidas] são mais antigas que a invenção do papel e da tipografia."

O Tarô através de seus Arcanos Maiores é uma viagem arquetípica que encerram uma sabedoria sobre o destino dos homens.

Apesar do alemão não indicar um baralho como mais "certo" ele claramente sugere (principalmente aos novatos) o Tarô de Rider-Waite, que contêm ilustrações dos Arcanos Menores ao contrário do Tarô de Marselha que "são ilustradas de maneira tão pouco sugestiva". Aconselha evitar baralhos da moda e baralhos "complicados" como o de Crowley que merecem um estudo mais profundo não só de sua simbologia, mas também da doutrina esotérica que os cerca.

O alemão torna-se profundo e filosófico ao conceituar o Tarô como um sistema que atribui um sentido ao acaso.

É apresentado de forma detalhada as formas adequadas de se fazer as perguntas e dependendo do teor destas há uma orientação de qual sistema de disposição usar. A partir disso, o livro organiza-se a partir de três esquemas básicos para disposição das cartas, as perguntas mais frequentes irão encaixar-se de uma maneira melhor em algum deles, que são: 'A Bússola' (qual decisão tomar), 'O Oráculo do Amor' (sentimentos) e 'O Ponto Cego' (auto-conhecimento). Assim, cada carta além de sua interpretação geral será apresentada ocupando uma posição dentro de algum destes esquemas. Quem tiver cara-de-pau coragem suficiente pode oferecer uma leitura completa utilizando o livro junto!!!

É uma obra didática, moderna e muito clara que ajuda a entender cada um dos passos que envolvem a interpretação do Tarô. 


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Edições dos livros de A. E. Waite no Brasil

De acordo com o post anterior quis verificar os diferentes livros de Waite que consegui levantar.


"The Pictorial Key to the Tarot" de
Arthur Edward Waite. Pela editora Escala
 (esquerda) e pela editora Kuarup (direita).
Chegam ao mesmo tempo dois livros de Waite: Tarô – A sorte pelas cartas, lançado pela Ediouro e O Tarô Ilustrado de Waite, da Editora Kuarup. Já nas primeiras páginas vê-se que são dois títulos para o mesmo livro. É tão chato ter dois livros iguais. Aliás, não tão iguais assim... Além dos títulos diferentes há diversas nuances entre as edições. Vejamos:





As mini-cartas no livro da Escala, meu dedão serve de escala...
A edição da Ediouro acompanha 78 mini-cartas para se recortar no fim do livro. É possível achar essa edição em bons sebos ou pela Estante Virtual, mas cuidado com as descrições dos livros, muitos livreiros não colocam as descrições condizentes com o que o livro oferece. Sobre essas mini-cartas elas são interessantes como instrumento de estudo dos símbolos e comparações, mas para jogar é impraticável, por causa do tamanho. Algumas cores também não conferem com o que se conhece das cartas.Isso é algo corrente nas edições do baralho de Waite, a cada edição há uma diferença no preenchimento e nas cores escolhidas.





Reprodução da Kuarup.
Reprodução da Escala.
Voltando aos livros. Comparando a edição da Ediouro com a versão da Kuarup verifica-se grande diferença nas reproduções que acompanham o texto descritivo de Waite para cada carta. As da Kuarup têm tons de cinza que não valorizam os traços de Pamela Colman-Smith. As da ediouro são muito boas. Porém o lado posistivo da edição da ediouro termina aqui, a da Kuarup possui um texto muito mais fluido, mérito do tradutor e do revisor. Além disso, o texto é enriquecido com várias notas explicativas, algumas traduzindo as diversas expressões latinas que Waite profusamente utilisa, como flos campi e lilium convallium (flor do campo lírio dos vales). Não que isso melhore o entendimento, mas...

Enriquece a edição da Kuarup um excerto de outro livro de Waite “ O Santo Graal”, de onde o autor define a origem do Tarô; uma introdução; e uma “Notas sobre o Tarô como um jogo”, ambas por Gertrude Moakley.


Na dúvida, leve os dois... Na dívida, fique com um folheto resumido...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Livros de Arthur Waite



Como já havia dito antes gostei muito do manual da Artha, que acompanha o baralho Rider-Waite. Mas queria me aprofundar mais na significação das cartas e no proceso de criação delas. Assim nada melhor do que ler a obra original de Waite. No folheto eles dão uma empurradinha: “no livro o Tarô Ilustrado de Waite, escrito por ele, editado no Brasil pela Artha Editora, poderão também ser encontrados mais detalhes a respeito dos Arcanos Maiores, e sua vinculação com a Doutrina Secreta, seus símbolos, a história do Tarô, mais significados divinatórios para as cartas, significados adicionais de acordo com a cartomancia, baseados em conhecimentos de cartomantes consagradas em sua época e significados que se repetem nos Arcanos Menores ( por exemplo: dois Reis, três Reis...). Além disso ele faz questão de diferenciar também a utilização do Tarô como um método de desenvolvimento interior, da utilização deste baralho como um método de adivinhação”.


Eu tenho um problema não posso ler uma indicação que tenho que ir atrás... Mas exatamente esse livro é difícil de encontrar, Cultura e Siciliano não possuem em seu  acervo. Só encomendando diretamente com a Editora... Além do que no site da editora não tem o preço do livro... me deu preguiça de ligar e perguntar. Na EstanteVirtual tem vários títulos de livros de autoria de Arthur Waite: Tarô Ilustrado de Waite, O Tradicional Tarô de Waite e Tarô a Sorte pelas cartas. Mas nenhum da Editora Artha... Serão os mesmos títulos? Ou serão mesmo diversos livros diferentes? Vou experimentar, pois são bem baratos. Totaliza R$6,00 com frete: Tarô a sorte pelas cartas, da Ediouro, de 1985.
Daqui uma semana chega...

Em Busca do Baralho Perfeito...

Estudando o livro de Papus em paralelo com o livro de Geringer percebo que o tarô é diversas vezes comparado com outros ensinamentos esotéricos. Cada carta é associada à uma letra do alfabeto hebraico, um signo ou lua ou planeta, um elemento alquímico, um símbolo egípcio, um caminho sefirótico... São tantas associações que confundem o iniciante o que me dá a impressão de que para saber o Tarô é preciso antes compreender Cabala, Astrologia e Hermetismo. Por isso iniciei a busca pelo baralho perfeito, ou seja, um baralho que congregue de alguma forma todas estas associações.

Cheguei a pensar que que esse baralho fosse o que acompanha a edição do Tarô dos Boêmios, feito de acordo com as instruções e todas as associações que Papus traz. Porém, como já comentei aqui, é um baralho pobre, principalmente em relação aos Arcanos Menores. A sequência de 1 a 10 de cada um dos naipes são iguais, só mudando a numeração na parte superior da carta.

Então fazendo uma pesquisa sobre baralhos de Papus cheguei à este chamado Tarô Adivinhatório. Ele acompanha um livro editado no Brasil de mesmo nome. Uma breve review do livro e algumas imagens do baralho estão aqui: www.aecletic.net/tarot/cards/adivinhatorio.

Nas informações sobre ele consta que é um baralho baseado nos ensinamentos da Golden Dawn, as figuras principais lembram motivos egípcios e são pequenas com largas bordas brancas. Nestas bordas estão todos os símbolos e as associações que considero essencial em uma carta. Além disso, há um subtítulo ( por exemplo no Papa: “O Magnetismo Universal / Ciência do Bem e do Mal”). Estranho...


Mas esse achado em vez de respostas traz mais dúvidas... Pergunta:

- porque a numeração dos arcanos menores (Ás de Paus exibe o número 36) segue esta ordem?

Apesar de todas essas informações nas cartas, que num primeiro momento considerei essenciais, na verdade são dispensáveis. Poluem a carta e confundem  ao invés de esclarecer. Além disso, as cartas forçam um visual egípcio que não tem nada a ver com a tradição egípcia de figuração.

Continuo com o baralho de Rider-Waite...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Entrando no Papus


Que feriado ridículo! Puro lixo na rua... Pelo menos dá para passar de papo pro ar...


A empolgação e a ansiedade deram espaço à apreensão. Pois de acordo com Papus o Tarô  possui um simbolismo egípcio, com ligação aos desenvolvimentos hebreus da cabala e, consequentemente, às letras do alfabeto deste povo, mais especificamente às letras hebraicas de Deus. Que trem complicado! Exemplo aí do lado (para os Arcanos Menores)... Tentando traduzir resumidamente o que Papus desenvolve, a estrutura do Tarô, tanto Arcanos Maiores como Menores, segue as quatro letras do tetragrama sagrado de Deus.


E as cartas que acompanham o livro, considerei-as muito insípidas, principalmente os Arcanos Menores. Por exemplo: o naipe de Paus, aparece uma clave no centro e seu número de 1 a 10. Parece que o artista ficou com preguiça de retratar o aumento quantitativo dos naipes... E cada uma das figuras das cortes repetem-se. Ou seja,  Rei de Paus vai ser o mesmo que o Rei de Espadas, só mudando o título da carta. Não é fraco, é fraquíssimo! 

domingo, 19 de setembro de 2010

O Autoconhecimento da Boêmia



Após a entrevista e acompanhar os últimos momentos da filmagem na barbearia do seu Machado, vou embora com sentimento de missão cumprida. Afinal é mais de um ano de correrias e idéias mil para ver esse documentário rodando.


Além disso estava ansioso para curtir as novas aquisições!!! Já da outra vez havia namorado o Tarô dos Boêmios de Papus, editado pela Martins Editora. Só que na Siciliano não havia essa edição, só a da Ícone que acompanha um baralho de cartas e com preço bem mais em conta!


Junto levei o Tarô e o Autoconhecimento de Mary Steiner-Geringer, da editora Pensamento. Este me chamou muito a atenção para a interpretação das cartas. Onde para cada uma delas é demonstrado seus aspectos cabalísticos, alquímicos, psicológicos, entre outros. É uma síntese das disciplinas esotéricas interligadas através do tarô.

Intermezzo

Estou em Porto Alegre e, antes de ir para a entrevista que eu devo dar ao documentário “Fez a Barba e o Choro” (produção da Besouro Filmes), vou dar uma passadinha no Shopping Praia de Belas - que é meio do caminho entre Zona Sul e Zona Norte - para ver o que há de bom em relação ao Tarô.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Tradições místicas



Já faz algum tempo que realizo pesquisas informais sobre as matrizes místicas das grandes religiões monoteístas. Comecei com os Gnósticos,  li bastante sobre eles (e as bobagens que as pessoas tem coragem de publicar), um pouco sobre Cabala (e as bobagens....), e por último o Sufismo, através do livro Iniciação ao Islã e ao Sufismo de Mateus Soares de Azevedo (da editora Nova Era). 

Pesquisando sobre Sufismo, me deparei com o artigo da Wikipedia - em ingês - e descobri que há uma forma de expressão musical para esse ramo místico muçulmano: o Qawwali.

Fui atrás e achei essa música maravilhosa que tem me acompanhado no meu aprendizado com o Tarô. Cada acorde, cada palavra, cada vocalização é como se me levasse mais profundamente num mistério que não consigo definir. 

Nessa jornada interior sinto cada uma das figuras surgindo de um fundo longínquo e comum.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Primeira leitura do tarô


Não resisti e ao chegar em casa, para teminar a domingueira, resolvi estudar as cartas. O Grande Tarô de Waite da Editora Artha.

Antes, não sei bem porquê, resolvi anotar a sequência das cartas que estavam no maço. Me chamando a atenção para o Louco (nº 0) antes da carta 21 (O Mundo). Por que isso? Qual o sentido, se é que existe, para esta sequência? Porque não começar pelo zero?

Os Arcanos menores estavam assim dispostos: copas, espadas, paus e ouros, vindo o Rei, a Rainha,o Cavaleiro e o Valete e a sequência do Ás ao 10. As cartas são todas escritas em inglês.

Outra preocupação que tive foi a de não deixar ninguém tocá-lo ou abrí-lo antes que eu o fizesse. Escrevendo isso reconheço que é meio besta, presunçoso, mas na hora me parecia razoável seguir a tradição das cartomantes, do candomblé/umbanda, de consagração das cartas dos baralhos ciganos. Pois já havia testemunhado a incomodação que provoca quando não é respeitado esse ritual.

Bom, após esses passos li o livreto explicativo com o significado resumido de cada carta. Na segunda parte do livreto há um exemplo de leitura: O antigo método celta de adivinhação. O livreto me pareceu claro e objetivo nas suas explicações.

Fiquei com vontade de realizar minha primeira leitura!!!

Para minha primeira leitura , apesar de o livro de Banzhaf ser bem completo, minucioso e didático em relação às especificações das leituras, resolvi seguir os passos do Método de Leitura Celta que consta no livreto da Artha. Os ensinamentos de Banzhaf utilizo para calcular a quintêssencia da tirada e verificar qual é o recado final da leitura.

E tenho de ser sincero, não consegui chegar à uma conclusão prática com a cruz celta. O que ajudou a elucidar a minha pergunta foi o resultado da quintessência. Soma total 82, por redução cheguei ao 10 e então ao 1.                       

A Roda da Fortuna no Tarô Rider-Waite-SmithO Mago no Tarô Rider-Waite-Smith
Primeiro com a Roda da Fortuna, indicando que eu possuo um problema a resolver (novidade!), e consequentemente por redução dando o Mago, pedindo habilidade com esforço para resolvê-lo












Como fiquei boiando na interpretação da cruz céltica, resolvi ir atrás. Peguei a carta final, no caso o Nove de Espadas (cartinha amedrontradora!), e coloquei-a na posição da "questão" (posição número 1) numa segunda leitura através do método celta
Nove de espadas  no Tarô Rider-Waite-Smith


Não vou comentar a interpretação dessa leitura, mas só vou dizer que a quintessência ilustrou bem a situação. Já que a pergunta, o problema basilar, era de ordem sexual, amorosa. A soma total foi de 78, por redução obtêm-se o 15 e depois o 6.
O Diabo no Tarô Rider-Waite-SmithOs Enamorados no Tarô Rider-Waite-Smith

Mostrando minha prisão com as questões do baixo centro de energia.
E que eu devo procurar uma solução para libertar o amor verdadeiro.













Sincronicamente acabou-se formando uma configuração  interessante, mesmo com toda minha ignorância...

domingo, 5 de setembro de 2010

Testando 1, 2, 3...


Fechando a trinca levo também do Banzhaf Tarô Sabedoria para todos os dias. Com leituras de diferentes planos das cartas do baralho de Rider-Waite. Estes planos, Banzhaf chama de rúbricas, assim, para cada carta há seis rúbricas (convite à reflexão, assuntos do coração, para o futuro, enfrentando uma crise, dica para o dia e o encorajamento).


Ótimo para consultas rápidas de cada carta. Um exemplo das seis rúbricas para a carta A Força:

 Ao mentalizar uma pergunta específica ou ao querer aconselhar-se de uma forma mais geral pode-se usá-lo de três formas distintas:

 - escolhendo uma carta de um baralho de Tarô;
 - abrindo em qualquer página aleatoriamente;
 - ou, ainda, usando um sistema quiromântico onde cada dedo da mão esquerda possui um significado diferente dependendo da pergunta realizada (geral-indicador; profissional – médio; amoroso – anular; negócios-mínimo). Aí com o dedo em riste e olhos fechados o consulente pousa-o sobre um disco com uma numeração aleatória. Estes números correspondem ao número da página onde a carta está.

Fiz um teste usando o dedo indicador e perguntando o que poderia esperar sobre esse empreendimento que inicio agora.... Eis o resultado:

ÁS DE COPAS

Ás de Copas  no Tarô Rider-Waite-Smith
“Para o futuro o ÁS DE COPAS lhe promete:
Você está diante de uma oportunidade maravilhosa de encontrar felicidade e satisfação, que você não deveria perder de forma alguma.”

Poderia ter dado resultado mais animador?

A descoberta do tarô

Caí nessa seção da Livraria Cultura despretensiosamente. Queria só desanuviar a cabeça um pouco, esquecer das encruzilhadas e folhear alguns livros esotéricos ou religiosos. Porém dou de cara com a sub-seção de Tarô e baralhos, assunto que nunca havia me tocado antes. E já me vem na cabeça “vou comprar um baralho!”

... Mas qual escolher? das Bruxas, de Marselha, Cabalista, da Vovó Cigana, de Waite, de Marselha. Resolvo folhear os livros e encontro mais um monte de opções...

 Resolvo folhear os livros de Hajo Banzhaf, primeiro o Livro do Tarô. Parece ser o ideal para novatos: possui o significado de cada uma das 78 cartas (do baralho de Waite), com exemplos de leitura e interpretação para três tipos de jogos diferentes. Na introdução do livro há uma apresentação do que é o Tarô, suas origens e os diferentes baralhos. Apesar de dizer que não há baralhos certos nem errados, o alemão implícitamente aconselha (principalmente ao neófito) o baralho de Rider-Waite, que possui situações ilustradas nas cartas numeradas dos Arcanos Menores. Apesar do conselho da minha esposa alertando-me que o Tarô de Marselha era o mais conhecido e mais tradicional (ela já viveu na França), vou pela dica de Banzhaf: adquiro o baralho de Rider-Waite da Editora Artha.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"... eu sou por aquelas forças humanas invisíveis, gentis e minúsculas que atuam de indivíduo para indivíduo, esgueirando-se através das fre
stas do mundo como pequeninas raízes, ou como filetes de água que, não importa quanto tempo leve, irão rachar os mais sólidos monumentos do orgulho humano."

William James







Citação retirada da hq Pequenos Milagres - (Minor Miracles - 2000) de Will Eisner.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

I Ching

Richard Wilhelm
Fiquei fascinado com as descrições de leitura e interpretação do I Ching em A Prova do Labirinto de Sanchez Dragó, tive vontade de aprender um pouco do que se tratava. Dragó, para saber o que ele poderia encontrar no caminho e se valia pena a empreitada que ele tinha pela frente, consultava o dito oráculo.

Por isso tudo, adquiri esse livro: I Ching - o Livro das Mutações, de Richard Wilhelm, que é um clássico, acompanha uma compilação de diversos textos e comentários que foram adicionados pelos diversos sábios que se deteram sobre as fontes originais. Porém, tive muita dificuldade em entender o sistema de consulta através das varetas, a meu ver o texto não é claro. Queria fazer um teste do oráculo, da mesma forma que Jung relata faz, usando moedas, no seu prefácio ao livro.


Assim como a tradução de Wilhelm é um clássico, assim também é o Prefácio de C. G. Jung. Uma explicação do princípio de acausalidade, por ele denominada de sincronicidade. Onde a coincidência de acontecimentos está intrinsicamente ligada às impressões do observador, ou seja, abrange a subjetividade, "as condições psíquicas dentro da totalidade da situação momentânea".

Um comentário que não é diretamente ligado ao livro:

Em um dos dias de leitura aconteceu algo, no mínimo estranho. Era uma semana que minha esposa estava em um curso em Porto Alegre, onde ela resolveu não voltar para casa e ficar a semana com seus pais. Para fazer a leitura, coloquei um LP bem calmo na vitrola, acompanhando a viagem. Cerca de uma hora depois a agulha já tinha levantado e a atenção com o texto estava profunda só que meu cachorro, o Chico, insitia em ficar latindo. Ele adora latir para os vizinhos, gatos, motos, carroças... Mas nessa hora não tinha nada!

Para resumir a história, depois de pedir, gritar e atirar um chinelo, desisto de ler e fico na soleira da porta esperando ele parar. A irritação era tanta que nem me dou o trabalho de recolocar o disco para tocar, o som fica ligado. O animal percebe minha insatisfação e se aproxima com o rabo entre as pernas, quando ele chega a uns dois metros de distância sinto um arrepio e logo em seguida um barulho no som, como se alguém mexesse nas conexões dos fios, seguindo esse padrão: “tãmm... tãmm, tãmm... tãtãtã”. Os primeiros mais longos e os últimos mais curtos.


Talvez, nunca saberei para quem ele estava latindo!

domingo, 16 de maio de 2010

Primeira Epístola de São João

Sobre o suposto adendo à Epístola de São João que Dragó refere-se no post anterior encontrei essa resposta da Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica do Brasil. Correspondência retirada daqui:


São João Evangelista nos traços de
Gianni de Luca.
"Recebemos mensagem eletrônica [...] argüindo-nos acerca do motivo por que algumas palavras de 1João 5.7-8 aparecem entre colchetes na tradução de Almeida Revista e Atualizada.
 
Sobre esta questão, precisamos compreender o significado dos colchetes na RA. Isto aprendemos ao ler no artigo "Explicação de Formas Gráficas Especiais, Títulos, Referências e Notas", adendo ao "Prefácio à 2a. Edição": algumas passagens do Novo Testamento aparecem entre colchetes. Estas passagens não se encontram no texto grego adotado pela Comissão Revisora, mas haviam sido incluídas por Almeida com base no texto grego disponível na época (Mt 6.13).
 
Almeida traduziu a Bíblia para a Língua Portuguesa no século XVII. O Novo Testamento em português ficou pronto em 1681. Almeida traduziu-o a partir de um texto grego denominado Textus Receptus ("o texto recebido"), que fora compilado pelo famoso humanista holandês Erasmo de Roterdã no início do século XVI. A tradução de Almeida a partir dos manuscritos que ele possuía em sua época cristalizou-se na chamada Edição Revista e Corrigida (RC), publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil e adotada por inúmeras denominações evangélicas em países de fala portuguesa, destacando-se Portugal e Brasil. A RC espelha bem o teor do Textus Receptus utilizado por Almeida.
 
João Ferreira de Almeida
Quando a tradução de Almeida já estava concluída, Deus permitiu que arqueólogos, historiadores e teólogos verificassem um considerável avanço no achado, recuperação e decifração de manuscritos bíblicos, alguns dos quais indisponíveis a Almeida na época em que traduziu a Bíblia. A Edição Revista e Atualizada (RA) surgiu em 1956 em decorrência dessas novas descobertas, quando a Comissão Revisora da Sociedade Bíblica do Brasil achou por bem confrontar o texto de Almeida com os novos manuscritos encontrados. A RA passou por uma segunda revisão em 1993, afinando ainda mais o texto bíblico aos textos originais em hebraico, aramaico e grego, pelo que é uma das mais amadas e adotadas traduções da Bíblia Sagrada no Brasil e no exterior.
 
Dito isto, fica um pouco mais simples compreender a diferença de tratamento dado àquelas palavras de 1João 5.7-8 na RC e na RA. Na primeira - que corresponde à tradução mais antiga de Almeida - as palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra" constavam do texto original grego utilizado pelo tradutor. Já na RA, confrontando-se a tradução de Almeida com os manuscritos encontrados (mais antigo e, portanto, mais próximos do tempo em que João escreveu sua primeira carta) e desde que as referidas palavras não contradizem nem ofendem a mensagem bíblica da salvação em Cristo Jesus, estas palavras foram colocadas entre colchetes. Com isto, a RA respeitou o trabalho valioso de João Ferreira de Almeida, sem, contudo, ter aberto mão da fidelidade ao melhor texto original grego a que se tem acesso nos dias atuais.
 
(Nas traduções desenvolvidas pela própria Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica do Brasil, todavia, como é o caso da Bíblia na Linguagem de Hoje, as palavras questionadas de 1Jo 5.7-9 foram eliminadas por completo do texto bíblico).
 
Por fim, acerca da procedência da palavras questionadas de 1Jo 5.7-8, convém mencionar a opinião do Dr. Bruce Metzger, uma das maiores autoridades atuais sobre os manuscritos gregos do Novo Testamento, que coopera com as Sociedades Bíblicas Unidas, a fraternidade da qual a Sociedade Bíblica do Brasil faz parte. Conforme o Dr. Metzger, todos os manuscritos gregos mais antigos do Novo Testamento (datados dos séculos II e III) omitem as palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra" em 1Jo 5.7-8. Estas palavras só começaram a aparecer em comentários e sermões sobre o texto de 1João no final do século IV e, muito posteriormente, em um manuscrito latino do século XIII. Segundo o Dr. Metzger, as palavras aqui em questão podem ter sido o comentário que um copista (pessoa encarregada de copiar a Bíblia na Idade Média) fez na margem do pergaminho em que trabalhava; um copista posterior, ao tomar o manuscrito mencionado como texto base para sua cópia, incorporou o comentário marginal do seu outro colega ao texto bíblico, erro que mais recentemente foi descoberto sem grandes dificuldades pela comparação dos manuscritos mais recentes com os mais antigos.
 
Sendo isto para o momento, agradecemos muitíssimo sua paciência e atenção. A Sociedade Bíblica do Brasil faz votos de que o irmão continue sendo um leitor fiel e dedicado da Palavra do Senhor, fonte de orientação e consolo eternos. 
 
Cordialmente em Cristo,"
 
p/ Comissão de Tradução
Sociedade Bíblica do Brasil